1) No Rio de Janeiro, em fins do século 19, Cândido da Fonseca Galvão, ou Dom Obá 2º, torna-se um dos pioneiros na luta pela igualdade racial no Brasil. Sua origem é pouco comum: filho de escravos e neto do alafin (rei) africano Abiodun. Ganha destaque em meio à população negra. Andava com farda de gala numa época em que poucos negros andavam calçados.
Nascido em 1845, alista-se como voluntário na Guerra do Paraguai, enquanto escravos eram recrutados à força. Tinha verdadeira admiração por Pedro 2º. Era o primeiro a chegar em suas audiências públicas. Falava diretamente com a realeza para conseguir melhores condições de vida para os negros. No último aniversário que o imperador comemorou no Brasil, liderou uma manifestação que invadiu o Palácio Imperial para apoiar a monarquia.
O imperador reconhecia seus feitos em prol da nação durante a Guerra e dava ouvidos a suas súplicas. Defendia maior participação política dos negros e o fim dos castigos corporais. Dizia orgulhar-se “de preto ser”. Era “amigo dos brancos”, mas não de todos: só dos que sabiam “que o valor não está na cor”. Terminava seus artigos com expressões em latim, iorubá e português, como prova de sua identidade racial. As opiniões se dividiam: para uns, era amalucado. Escravos e libertos chamavam-no respeitosamente de Príncipe Obá, uma referência para os que buscavam a liberdade.
SAIBA MAIS
Dom Obá 2º D’África, o Príncipe do Povo. Vida, tempo e pensamento de um homem livre de cor, de Eduardo Silva (Companhia das Letras,1997).
Fonte: http://almanaquebrasil.com.br/curiosidades-historia/6225-dom-oba-queria-monarquia-e-igualdade-social.html2)Oficial do Exército brasileiro, pensador e articulador político. Cândido da Fonseca Galvão, mais conhecido como Príncipe Oba, ou Dom Oba II d´África, filho de africano forro, brasileiro de primeira geração, nasceu na Bahia, na região de Lençóis por volta de 1845. Neto do maior imperador yorubá, o rei Alafin Abiodun, responsável pela unificação do império yorubá na África. Seu pai – Benvindo da Fonseca Galvão – veio como escravo para o Brasil. Em meados do século XIX, já como escravo liberto e movido pela corrida em busca dos Diamantes da Chapada Diamantina. Quando Dom Oba II vem ao mundo, a comunidade escrava reúne suas economias e compra a sua liberdade, garantindo-lhe o título de homem livre. Aprendeu a ler e escrever com o pai.
A Bahia foi a província brasileira que mais contribuiu com voluntários para a Guerra do Paraguai. Em 1865 participou ativamente no recrutamento de voluntários para a Guerra do Paraguai, sua primeira oportunidade de exercitar suas qualidades de liderança. Foi nomeado para alferes da 3ª Campanhia de Zuavos Baianos. Ferido na mão direita, Cândido da Fonseca Galvão retirou-se do serviço ativo no dia 31 de agosto de 1861. Mais tarde buscou o reconhecimento social de seus feitos e valimentos. Para tanto percorreu os trâmites legais, dirigindo-se preferencialmente ao próprio imperador. Em 1872 foram concedidas as honras. Não inteiramente satisfeito, Galvão encaminhou, no ano seguinte, um pedido de pensão. Sua solicitação é atendida.
A vida de soldado permitiu uma ampliação extraordinária – quantitativa e qualitativamente – nos contatos entre regiões, classes e raças da sociedade brasileira. No tempo da guerra, o obscuro filho de um africano-foro, cujos horizontes não iam além da sua Comercial Vila dosa Lençóis, no sertão da Bahia, conheceria capitais de província, sua amada capital do Império, terras estrangeiras e questões internacionais de fronteira. A campanha permitiu-lhe entrar em contato direto com praticamente todas as instâncias do poder político. Condecorado como herói, Dom Obá II torna-se um elo entre os altos poderes do estado e os escravos, uma espécie de porta-voz não-oficial do povo negro brasileiro. E começou a escrever artigos para jornais e freqüentar a corte de Dom Pedro Segundo com a elegância de trajes dos senhores.
Questões de definição política e cidadania, questões de raça são assuntos discutidos e analisados por Galvão na imprensa. Em seus artigos ele apoiava a libertação dos escravos. Para o Príncipe, a Conquista da cidadania começou com o alistamento para a guerra e continuou, depois dele, com o processo de abolição progressiva. Vez por outra ele publicava poesia abolicionista e anti-discriminatória. Príncipe pacifista, Dom Obá acreditava na força das idéias.
“O elemento da guerra é a espada”, gostava de explicar, “o elemento do meu triunfo há de ser a minha pena”.
Ele tinha um pensamento vanguardista para a época. Enquanto a elite estava influenciada pelo pensamento darwinista europeu, que pregava a superioridade da raça branca, e se preocupava com o branqueamento do Brasil, Dom Obá formulou um pensamento contrário pregando o enegrecimento do país, sustentando que quem trabalhava no Brasil eram os negros.
A trajetória do alferes Galvão, do sertão da Bahia para a Guerra do Paraguai e daí para a vida urbana na África Pequena - composta pelos populosos bairros negros do Rio de Janeiro, antepassados das favelas – é emblemática do percurso do negro livre na sociedade escravista. Um líder popular, homem considerado amalucado pela “boa” sociedade, mas reverenciado e sustentado por seus semelhantes, que se constitui em um elo insuspeitado entre as elites e a massa que energia da sociedade tradicional. Negro, alto, forte e elegante, trajando fraque, cartola e luvas, trazendo à mão bengala e guarda chuva, ostentando sobre o nariz um pince-nez de ouro com lentes azuis, o príncipe Dom Obá II d´África era o primeiro a chegar às audiências públicas que o imperador Pedro II concedia aos sábados na Quinta da Boa Vista. Ele não limitou sua esfera de influência aos guetos da África Pequena. O acesso de Dom Obá ao palácio e ao próprio imperador Pedro II é um fato histórico bem documentado. Dom Oba nunca perdia as audiências públicas na Quinta da Boa Vista, aos sábados. Ele também aparecia, mesmo em ocasiões solenes, no paço da cidade. Aqui e ali, fosse com seu fardão de alferes ou em apurados trajes civis, Dom Obá II d´África era sempre “um dos primeiros que se apresentavam”.
Dom Obá II d´África era o representante da África Pequena do Rio de Janeiro, dos “pardos e pretos” que viviam precariamente à margem do sistema, em atividades de auto-emprego. Quando havia debate intelectual e político no Parlamento e na imprensa, Dom Obá tinha idéias definitivas. Ele pensava na salvação da grande lavoura de exportação, base econômica do Império, e era contra o trabalho escravista. Como as demais personalidades, também o Príncipe procurava o apoio do imperador para seus projetos. Por algum tempo fez campanha para ser nomeado embaixador do Império do Brasil na Costa d´África (África Ocidental), e, ao faze-lo, forneceu munição para a sátira política da época. Mas o Príncipe tinha uma resposta pronta para a zombaria racista. Ele relatava vários problemas do cotidiano aos sábados na audiência pública.
O reino de Dom Obá começou a desintegrar-se com a chegada da Abolição. O declínio de sua autoridade era evidente, em particular no que toca à capacidade de arrecadar impostos de seus súditos. Ele praticamente desapareceu das colunas dos jornais. “Não havia mais espaços para velhas fidelidades políticas, nem mesmo para príncipes do povo”. Sua morte, em 1890 foi noticiada na primeira página dos jornais da capital do país, que ressaltaram a imensa popularidade do Príncipe Obá e o fato de ter falecido “na majestade de uma soberania que ninguém se atreveu jamais a contestar”.
O PROTESTO 1955 / 2O15. 60 ANOS do Poeta CARLOS DE ASSUMPÇÃO o mestre que completa 88 anos de muitos parabéns num sábado de muita luz 23 de maio glorioso que realça valoriza nossa luta a historia sempre viva do poeta guerreiro Cassump de Ébano como disse o herói poeta angolano Agostinho Neto.
ResponderEliminarCARLOS DE ASSUMPÇÃO seu nome esta realçado entre os maiores poetas do mundo e assim no Brasil nas principais obras da cultura afro brasileiro"A Mão Afro-Brasileira" Emanoel Araújo. “Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana” Nei Lopes. “Enciclopédia Quem é quem na negritude brasileira” Eduardo de Oliveira.Enciclopédia“África Mãe dos Gênios Negros Afros Brasileiros” Jorge J. Oliveira entre outras obras. Os Dizeres dos grandes mestres sobre Carlos Assumpção diz Abdias do Nascimento é o meu poeta, Solano Trindade Protesto é minha alma, Geraldo Filme me arrepia, Clovis Moura a lira de nossas revoltas, Barbosa sinto cada letra, Prof. Eduardo Oliveira minha inspiração, Luís Carlos da Vilaa alma da Kizomba,Tião Carreiro uma alegria triste, Milton Santos Diz tudo, Grande Otelo é o Poema Hino Nacional da luta da Consciência e Resistencia Negra Afro-brasileira.
CARLOS DE ASSUMPÇÃO – O maior poeta da militância negra da historia do Brasil autor do poema o PROTESTO Hino Nacional da luta da Consciência eResistencia Negra Afro-brasileira. O poetaAssumpção é o maior ícone das lideranças e dos movimentos negrose afros brasileiras e uma das maiores referencias do mundo dos ativistas e humanistasem celebração completa 88 anos de vida. CARLOS DE ASSUMPÇÃO nasceu 23 de maio de 1927 em Tiete - SP. Por graças e as benções de Olorum 88 anos de vida com sua família, amigos e nós da ORGANIZAÇÃO NEGRA NACIONAL QUILOMBO O. N. N. Q. FUNDADO 20/11/1970 (E diversas entidades e admiradores parabenizam o aniversario de 88 anos do mestre poeta negro Carlos Assumpção) temos a honra orgulho e satisfação de ligar para a histórica pessoa desejando felicidades, saúde e agradecer a Carlos de Assunpção pela sua obra gigante, em especial o poema escrito em 1955 o Protesto que para muitos é o maior e o mais significante poema dos afros brasileiros o Hino Nacional dos negros. “O Protesto” é o poema mais emblemático dos Afros Brasileiros e uns das América Negra, a escravidão em sua dor e as cicatrizes contemporâneas da inconsciência pragmática da alta sociedade permanente perversa no Poema “O Protesto” foi lançado 1958, na alegria do Brasil campeão de futebol, mas havia impropriedades e povo brasileiro era mal condicionado e hoje na Copa Mundial de Futebol no Brasil 2014 o poema “O Protesto” de Carlos de Assunpção está mais vivo com o povo na revolução para (Queda da Bas. Brasil.tilha) as manifestações reivindicatórias por justiça social econômica do povo brasileiro que desperta na reflexão do vivo protesto.
O mestre Milton Santos dizia os versos do Protesto e o discurso de Martin Luther King, Jr. em Washington, D.C., a capital dos Estados Unidos da América, em 28 de Agosto de 1963, após a Marcha para Washington. «I have a Dream» (Eu tenho um sonho) foram os dois maiores clamores pela liberdade, direitos, paz e justiça dos afros americanos. São centenas de jornalistas, críticos e intelectuais do Brasil e de todo mundo que elogia a (O Protesto) (Manifestação que é negra essência poderosa na transformação dos ideais do povo) obra enaltece com eloquência o divisor de águas inquestionável do racismo e cordialidade vigente do Brasil Mas a ditadura e o monopólio da mídia e manipulação das elites que dominam o Brasil censuram o poema Protesto de Carlos de Assunpção que é nosso protesto histórico e renasce e manifesta e congregam os negros e todos os oprimidos, injustiçados desta nação que faz a Copa do Mundo gastando bilhões para uma ilusão de um mês que poderá ser triste ou alegre para o povo brasileiro este mesmo que às vezes não tem ou economiza centavos para as necessidades básicas e até para sua sobrevivência e dos seus. No Brasil
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ResponderEliminarPoema. Protesto de Carlos de Assunpção
Mesmo que voltem as costas
Às minhas palavras de fogo
Não pararei de gritar
Não pararei
Não pararei de gritar
Senhores
Eu fui enviado ao mundo
Para protestar
Mentiras ouropéis nada
Nada me fará calar
Senhores
Atrás do muro da noite
Sem que ninguém o perceba
Muitos dos meus ancestrais
Já mortos há muito tempo
Reúnem-se em minha casa
E nos pomos a conversar
Sobre coisas amargas
Sobre grilhões e correntes
Que no passado eram visíveis
Sobre grilhões e correntes
Que no presente são invisíveis
Invisíveis mas existentes
Nos braços no pensamento
Nos passos nos sonhos na vida
De cada um dos que vivem
Juntos comigo enjeitados da Pátria
Senhores
O sangue dos meus avós
Que corre nas minhas veias
São gritos de rebeldia
Um dia talvez alguém perguntará
Comovido ante meu sofrimento
Quem é que esta gritando
Quem é que lamenta assim
Quem é
E eu responderei
Sou eu irmão
Irmão tu me desconheces
Sou eu aquele que se tornara
Vitima dos homens
Sou eu aquele que sendo homem
Foi vendido pelos homens
Em leilões em praça pública
Que foi vendido ou trocado
Como instrumento qualquer
Sou eu aquele que plantara
Os canaviais e cafezais
E os regou com suor e sangue
Aquele que sustentou
Sobre os ombros negros e fortes
O progresso do País
O que sofrera mil torturas
O que chorara inutilmente
O que dera tudo o que tinha
E hoje em dia não tem nada
Mas hoje grito não é
Pelo que já se passou
Que se passou é passado
Meu coração já perdoou
Hoje grito meu irmão
É porque depois de tudo
A justiça não chegou
Sou eu quem grita sou eu
O enganado no passado
Preterido no presente
Sou eu quem grita sou eu
Sou eu meu irmão aquele
Que viveu na prisão
Que trabalhou na prisão
Que sofreu na prisão
Para que fosse construído
O alicerce da nação
O alicerce da nação
Tem as pedras dos meus braços
Tem a cal das minhas lágrima
Por isso a nação é triste
É muito grande mas triste
É entre tanta gente triste
Irmão sou eu o mais triste
A minha história é contada
Com tintas de amargura
Um dia sob ovações e rosas de alegria
Jogaram-me de repente
Da prisão em que me achava
Para uma prisão mais ampla
Foi um cavalo de Tróia
A liberdade que me deram
Havia serpentes futuras
Sob o manto do entusiasmo
Um dia jogaram-me de repente
Como bagaços de cana
Como palhas de café
Como coisa imprestável
Que não servia mais pra nada
Um dia jogaram-me de repente
Nas sarjetas da rua do desamparo
Sob ovações e rosas de alegria
Sempre sonhara com a liberdade
Mas a liberdade que me deram
Foi mais ilusão que liberdade
Irmão sou eu quem grita
Eu tenho fortes razões
Irmão sou eu quem grita
Tenho mais necessidade
De gritar que de respirar
Mas irmão fica sabendo
Piedade não é o que eu quero
Piedade não me interessa
Os fracos pedem piedade
Eu quero coisa melhor
Eu não quero mais viver
No porão da sociedade
Não quero ser marginal
Quero entrar em toda parte
Quero ser bem recebido
Basta de humilhações
Minh'alma já está cansada
Eu quero o sol que é de todos
Ou alcanço tudo o que eu quero
Ou gritarei a noite inteira
Como gritam os vulcões
Como gritam os vendavais
Como grita o mar
E nem a morte terá força
Para me fazer calar.
Organização Negra Nacional Quilombo ONNQ 20/11/1970 –
quilombonnq@bol.com.br